Marketing: Planejar não é uma prática habitual no Brasil. Seja na economia ou nos negócios, estamos habituados a tomar decisões imediatistas e deixamos para sucessores um legado que, não raro, deixou de construir bases para o crescimento em longo prazo. Quando pensamos em competitividade empresarial ancorada em processos de transformação digital este tema se torna óbvio. Com ciclos de passagens de CEOs cada vez mais curtos pelas empresas, o longo prazo dá lugar a uma sequência de metas definidas por quarters (trimestres) e metas de distribuição de bônus para executivos com horizonte imediatista. Mas o longo prazo sempre chega. Por isso, planejar com este foco não é uma opção, mas uma questão de sobrevivência.

Nenhuma mudança ou planejamento coerente podem partir de um diagnóstico impreciso. Em um mundo capitalista que precifica riscos, a previsibilidade e a assertividade têm o seu valor – que, por exemplo, pode ser materializado em captação de investimentos.

No último dia 30 de maio, assisti à primeira aparição pública do novo ministro da Economia, durante encontro com empresários em evento organizado pela Câmara de Comercio França Brasil.

Conceitos de economia podem ser muito úteis quando aplicados em atividades de Marketing e Tecnologia. Mais interessante ainda colocar sob a ótica do prisma do pensamento econômico a integração entre CMOs e CIOs. Henrique Meirelles dispensa comentários. Executivo de mercado, presidiu o Bank Boston mundial, foi deputado, presidente do Banco Central e agora ministro da Economia. De fala fácil, é pragmático e emprega um discurso simples e objetivo, inspirador e realista. De suas palavras eu tiro algumas lições.

Sua missão prioritária é reconquistar a confiança do mercado, das pessoas e do mundo político. Isso traz uma pergunta que jamais deve sair de pauta: qual a precisão, transparência e realismo do diagnóstico atual da sua empresa?

Segundo Meirelles, um tema latente nas preocupações do mercado são os objetivos da equipe econômica, que devem ser claros, pois, apenas com objetivos claramente definidos, é possível trazer a confiança de que a organização de esforços e recursos gerarão resultados factíveis.

A administração profissional e os benchmarks com indicadores de mercado também contribuem para o aumento da confiança. Avaliar amplamente indicadores ligados aos objetivos ajuda a manter a pilotagem e manter a coesão. Estabelecer regras de investimentos com base em avaliação de indicadores de projetos pode evitar a descontinuidade de um projeto bom ou eliminar o aumento de gastos em projetos que não levam a lugar nenhum. Pode parecer óbvio, mas, na prática, assistimos no mundo corporativo a certas incoerências difíceis de compreender.

Em resumo, as lições do ministro da Economia nos fazem lembrar de que a objetividade, a coerência e a simplicidade trazem confiança. E confiança vale ouro.

 

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Henrique Meirelles,  (Foto: Antônio Cruz/Abr)